terça-feira, 22 de janeiro de 2019

PLANO PARA 2019

O Museu  Paulo Firpo, em fase de conclusão de seu Relatório 2018 e já finalizando o PLANO DE ATIVIDADES 2019, que inicia com a ABERTURA DO ANO MUSEOLÓGICO ,na primeira semana de  março, com exposição e eventos  locais e regionais pela VI REGIÃO MUSEOLÓGICA.  Todos estão convidados a participar das programações  , quando estaremos encerrando , no final  de outubro, os eventos dos 50 Anos de Fundação.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019


                                          PÃO  É  SAGRADO
                                                                  Adilson Nunes de Oliveira*
                 
Um dos alimentos mais antigos de todos os povos e sobre o qual ainda há uma certa mística  é, sem dúvida, o pão .
Os mais velhos dizem-no “sagrado” e simboliza ,ao que parece, todos os demais alimentos – o pão nosso de cada dia.
Entre aqueles sempre há o hábito de repartir o pão com as crianças ou o não colocar pedaços de pão fora. São ensinamentos que vem atravessando gerações.
O pão velho era guardado em latas para ser consumido, torrado, transformando-se em farinha de rosca,ou, ainda, nos famosos “pudins de pão”,  nas sopas de pão, ou nas célebres rabanadas de Natal .
Quando caído em lugar impuro o pão era alimento de animais, muitas vezes molhado em leite, não esquecendo-se de beijar (isso mesmo, beijar), a fatia de pão antes de dar ao animal. Como possibilidade extrema, na ausência de um animal para comê-lo, era o pão enrolado em papel e, assim, envolto em respeito, colocado na lata de lixo.
Muitas vezes encontrado na rua, deveria ser posto em lugar protegido num canto de uma casa, na beira de uma janela, na esperança que um passarinho qualquer fizesse uma boa refeição.
Provavelmente todos esses comportamentos sejam inspirados no cristianismo. Jesus na última ceia, repartiu o pão – “este é o meu corpo”. “Fazei isto em minha memória”. Antes, multiplicou os pães. Em ambos os fatos, houve outro alimento – primeiro o peixe, depois o vinho.   Mas foi o pão que a tradição carregou consigo. Veja se o caso da comunhão na Igreja Católica ou a festa de São Antonio, com o pão bento.
Há vários  anos, presenciei  um fato curioso e até emocionante.
Eu vi um homem abrindo ao meio alguns pães, uns trinta. Recheando-os com queijo e presunto. Sem entender nada, aos poucos vi crianças chegando. Nesse dia, eram uma quinze ou mais. A todos o homem estendia a mão e lhes entregava um daqueles pães. O homem não era Jesus.
Mas um homem que não andou com Jesus , mas o  seguiu. O homem era Pedro. Poderia ser um Pedro qualquer, um Silva, brasileiro qualquer. Não fora essa característica especial: esse ato de repartir, todas as tardes, o pão com as crianças. Crianças que, vezes, à tarde, só tem a tarde.
Eu disse que o homem era Pedro. Não, é Pedro, sim. Pedro Silva.
Pedro Silva todos conhecem, o Pedro do Restaurante do Parque de Exposições do Sindicato Rural de Dom Pedrito.
É ele que todas as tardes, reparte, há muitos anos, o pão com cerca de trinta crianças.
Pois é. Pedro Silva, no sábado seguinte ao fato que narrei, ofereceu um almoço às crianças e alunos da APAE.
Gestos bonitos, como esses, precisam ser imitados.
Fica, com certeza, no sorriso e no silêncio das crianças, a gratidão. E, nestas linhas que agridem a modéstia do “ seu” Pedro, o agradecimento por ter  me permitido viver  esse belo gesto.
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(Pedro Silva  faleceu em maio de 2017)
N.B. Com este artigo , marcamos presença na recente antologia  da Academia de Letras dos Municípios do Rio Grande do Sul, , publicação intitulada "Simpatias, Superstições ,  Sortilégios e Advinhas "e que foi   lançada  no final de novembro de 2018, no Auditório Ana Terra , da Câmara de Vereadores , de Porto Alegre/RS

* Professor universitário e museólogo. Presidente da Sesmaria Cultural de Dom Pedrito , articulista e intérprete musical. Ocupa a Cadeira 118-Profa.   Manuela Freire - na Academia de Letras dos Municípios do Rio Grande do Sul. 

FERMINA PEDROSA


                              A VINGANÇA DE FERMINA PEDROSA

                                                                                                                                     Adilson Nunes de Oliveira *

Lá vai ela, pelas ruas de Dom Pedrito, “perfumada, de rouge e batom”. Pintada em excesso, adereços em profusão, colares vários, pulseiras muitas, anéis múltiplos. E chapéu, sim e sempre, chapéu.E flores.
"Lá vai ela", grita a criançada, a Fermina Pedrosa, assustando as crianças e divertindo os mais velhos. Um tipo popular servindo de chacota a uns e outros.
Lá vai ela, aquela que viraria lenda a ultrapassar o tempo. De um lado, um ser apolíneo busca constante da beleza, ainda que caricata. De outro, aqueles que a irritavam, provocando-a, o lado demoníaco da história. O povo se divertia com ela; e ela, com o povo.
Muitas vezes, levaram-na a surtos, como na ocasião em que simularam seu casamento. Havia, recém-chegado à cidade, um jovem militar, carioca, manso na fala e tentador no olhar, homem bonito, por quem seria muito fácil qualquer mulher se apaixonar. E Fermina Pedrosa se apaixonou. Simularam um casamento, para a pobre mulher um casamento para o povo todo assistir um evento, sem dúvida.
Na frente da igreja matriz, montaram os genuflexórios, forrados de tecido branco e decorados com rosas, como merecia a cerimônia. Um gordinho atarracado, com um pesado livro na mão direita e usando vestido de uma viúva, já estava pronto para realizar a celebração.  Vestiram um jovem, com uniforme do 14º Regimento...Grande público se formou, então. Montada, a cena não podia ser mais perfeita, muito mais ainda diante do coração enamorado de Fermina Pedrosa. Ia tudo tão bem... mas, na hora do “sim”, dois brigadianos irrompem da multidão e prendem o noivo, pondo fim ao “espetáculo”. Resultado: a noiva entrou em surto! E foi tão violento e de tal maneira inusitado, que todos entraram em pânico...
Outro episódio foi em 1923, quando o povo (malvado!) a convenceu de que havia sido eleita Rainha do Carnaval. Até fantasia encomendaram a uma modista. Um vestido branco, com luas e estrelas bordadas, que lembrava as noites claras de janeiro. Cetro na mão, meio trêmula, e um chapéu (claro, tinha que ter um chapéu) quase que de cangaceiro. Muita pintura, muitos adereços, assim ela percorreu ruas e visitou casas, seguida por um séquito de malandros.
Recebida com música, comes e bebes, ou como se dizia na época, “todos a brindaram com um copo d’água”. Porém, em alguma casa lhe deram, para beber, um laxante! O resultado não carece descrever.
Assim, o povo se divertia com ela, e ela, com o povo, numa cumplicidade mútua, demoníaca e apolínea.
Viveu no século XIX, lá por 1850 e pouco, até início dos anos 40, sempre com sua marca muita pintura, muitos colares, pulseiras, chapéus e flores...
 E assim virou dito popular, proferido por quem muitas vezes nem sabe a origem. Quando alguma senhora aparece muito enfeitada, logo não falta alguém que lance a alocução: “Estás igual à Fermina
Pedrosa”, lembrando o que guardado perdura no imaginário popular.
Essa é a grande vingança a toda a maldade: todos nós de Dom Pedrito temos uma tia, uma prima, ainda que distante, a quem cabe, perfeita e merecidamente, o título de FERMINA PEDROSA.
Uma fênix que ressurge no momento menos esperado, mas aparece , em grande estilo.
Demos um “Viva” a todas as Ferminas Pedrosa que andam redivivas por aí.

          ESSE É O TEXTO COM QUE MARCAMOS PRESENÇA  NA ANTOLOGIA DO CÍRCULO            DE PESQUISAS LITERÁRIAS - CIPEL-   RECENTE PUBLICAÇÃO INTITULADA ,                       "MULHERES, NA HISTÓRIA, NAS ARTES E NAS CIÊNCIAS " exemplares que  distribui 
          entre alguns amigos, na BOLARIA  DONA ZEILA 


* Professor e museólogo. Diretor do Museu Paulo Firpo, Coordenador da VI Região Museológica. Articulista  e intérprete musical.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

MATÉRIA PUBLICADA NO JORNAL LETRAS SANTIAGUENSES


                         GISELE  BUENO PINTO
                         UMA ILUSTRE PEDRITENSE
   

                                                                         Adilson Nunes de Oliveira*
                                                                         
     Presidente-fundadora da SESMARIA CULTURAL DE DOM PEDRITO, fundadora e diretora do jornal cultural “ Braças Literárias” e da Antologia “Manancial “, órgãos de divulgação dos trabalhos dos sesmeiros .
     Gisele Bueno Pinto, inteligência crítica , personalidade forte , nasceu em 20 de outubro de 1936 , em  Dom Pedrito, onde  estudou , casou e viveu muitos anos. Depois da separação, e da longa estada  em Porto Alegre, fixou  residência em sua cidade natal -- veio  para ficar  com seus co-irmãos e com  eles dividir a luz de sua inteligência , sempre brilhante.
     Graduada em Direito, com Láurea Acadêmica , pela URCAMP/Bagé, e Professora Universitária da Unissinos ,na Faculdade de Direito, Pós graduada em Direito Civil , Gisele , em Porto Alegre, integrou, por curta temporada, a Orquestra Sinfônica da Capital, como violinista  spala .   Foi Presidente Nacional da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil e foi Presidente da Academia Literária Feminina do Rio Grande do Sul. Poetisa e escritora  publicou  Barco de Papel” – poesias  e  Dom Pedrito, 1990, um povo, sua história e seu rio  - história municipalista -- e uma Quadrilogia de Minilivros de Poemas, além de ter várias participações em antologias em nível estadual e nacional, das quais também atuou   como organizadora. Recebeu inúmeras condecorações e troféus, por sua participação  em concursos literários  em nível estadual e nacional.
     Realizou , junto com sua amiga Maria Helena Dutra ,  a “ Exposição Retrospectiva da História de Dom Pedrito”, embrião  do futuro Museu Paulo Firpo.
    Dirigiu programas de rádio em Porto Alegre e em Dom Pedrito,  na rádio Sulina ( programa “ Sala de Visitas”).
     Recebeu a Medalha “Pontes de Miranda” e o Prêmio “Consultoria  Geral do Estado”.  Membro da Casa do Poeta  Rio-grandense, Membro da Diretoria da União Brasileira de Trovadores , do RS , do Grêmio Literário Castro Alves e da Associação Lígia Averbuck ,  do IEL /RS  , da Estância da Poesia Crioula,  da Academia de Letras Municipalistas  do Brasil -- regional de Porto Alegre  e da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil, entre outras .   
     Gisele  partiu , depois de longa enfermidade , aos 78 anos , de nosso convívio ,no dia 24 de agosto  de 2015 ,  com muitas homenagens , deixando uma imensa lacuna  na área cultural e no coração de seus inúmeros amigos .
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Como hoje , presido a Sesmaria Cultural de Dom Pedrito, gostaria que nas minhas primeiras contribuições no Letras Santiaguenses  constasse esta homenagem a nossa antecessora ,Gisele Bueno Pinto.

* Professor e Museólogo,  Presidente da Sesmaria Cultural de Dom Pedrito
Imagem Gisele Bueno Pinto
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Imagem: Gisele Bueno Pinto f

ARTE DA 17ª SEMANA NACIONAL DE MUSEUS

Pronta a arte  para a divulgação   da 17ª SEMANA NACIONAL DE MUSEUS .   A  SNM é evento  coordenado, em nosso país,  pelo Sistema Brasileiro de Museus /Instituto Brasileiro de Museus  , acontece anualmente na semana de 18 de maio - Dia Internacional de Museus - quando as instituições  de todo o mundo desenvolvem atividades , a partir de um tema definido pelo Conselho Internacional de Museus - ICOM.  Confira imagem e significado do cartaz de divulgação do evento.

"O pássaro  SANKOFA ,  que  aparece  ao  centro,   é um símbolo africano Adinkra- tribo da África Ocidental  -  desenvolvido  pelo  grupo cultural  Akan.

Com a cabeça voltada para trás e os pés  para a frente, o pássaro simboliza o retorno ao passada para ressignificar o presente, visando o futuro. "